Os pequenos foliões vinham
chegando, gritando “tia Cris” no portão e de longe os ouço anunciar animados a
saída do Bloco Maria Fuá.
- Bora gente, que a criançada já
está chamando...
Vamos descendo as fantasias lá
pra Praça e as nuvens se formando.
“Faça chuva
ou faça sol
o Bloco
Maria Fuá
vai brincar mais um ano !!!”
“Boca para que disseste,
parou-se
tudo imediatamente
e as crianças lá na Praça
correram pra garagem
muito
contente.”
(É o que diria um dos narradores da peça "A Moça que casou com o
Diabo”)
Escolhe a fantasia, põem uma
máscara, um arquinho de coração, confete e serpentina, vai começar a agitação!
Pelo jeito São Pedro também
queria pular carnaval, então, começamos a brincadeira ali na garagem mesmo, nós
dançando cá dentro e São Pedro dançando lá fora.
Não sei descrever o que senti
naquela hora, tocava e cantava conectada com tudo o que acontecia. A magia de
ver o espaço se transformar em outro, a alegria da dança, da brincadeira de
jogar confete no outro, serpentina no ar, trenzinho. Que tal uma pausa para um
refrigerante?
Pois não foi que nessa pausa São
Pedro também parou de dançar?
São Pedro toma refrigerante?
Todos preparados? Vamos chamar a
dona dessa festa, a nossa grande Maria Fuá!
Ao som de seu hino ela surge toda
faceira, pulando, girando, dançando, soltando seu cabelo azul novo, encantando,
assustando, matando sua vontade de foliar.
Viva a Maria Fuá!
Viva a Cia. As Marias!
Viva todos os foliões do Calux!
Oh, abre Alas que eu quero passar
Eu sou Maria, não posso negar
Eu sou Maria, Maria Fuá.
As pessoas vão apontando nas
janelas pra ver o Bloco passar, logo tiram o celular do bolso e a Fuá faz pose
pra foto. Os amigos circenses na perna de pau também fazem graça interagindo
com os moradores.
Logo adiante encontramos o amigo Galo grafitando seus peixes
encantados. Paramos num boteco e damos nosso recado pra turma do funil de que
cachaça não é água. A avó da menina Larissa pega o microfone e expressa de todo
seu coração o amor pelo corintians. Interagimos com os marmanjões da laje. “Se
você não vai até a folia a folia vem até você.” Não conseguimos passar por
todas as ruas, mas todas as ruas passaram por nós. As pessoas aguardavam nas
esquinas, acenavam, brincavam, riam e assim íamos fazendo a brincadeira. Um
apareceu dizendo ser músico e a Isabela passou a caixa pra ele. “Manda ver
camarada, manda a ver”.
Descemos a última ladeira cantando as marchinhas mais
líricas, viramos a esquina com o “tá chegando a hora e eu tenho que ir embora”.
De volta à garagem nos despedimos da Fuá com a promessa de sua volta ano que
vem.
De portão aberto a Dona Maria nos
esperando para servir pão com carne louca e refrigerante.
“Ninguém vai embora não, vamos
lanchar! ”
Meus ombros
latejando de dor por conta do surdo.
“Todo ato
de amor que se pretenda genuíno envolve
alguma dose de sacrifício”.
E o que é uma dor nos ombros, que eu
só fui sentir depois que parei de tocar, perto
da folia maravilhosa que fizemos
acontecer?
E pra terminar, aqui vai meu
agradecimento a todos aqueles que compareceram nessa brincadeira, em especial
aos amigos e parentes parceiros que trabalharam para que esse Bloco ganhasse às
ruas. Aos amigos circenses da ONG Pró-Circo, aos amigos e apoiadores Neusa
Borges e Ditinho da Congada Parque São Bernardo, Cris, Dona Maria, Tati,
Silmara, Isabela, Anderson e Patrícia.
Ano que vem tem mais...
Cibele Mateus
fotos: Anderson Gomes
Nenhum comentário:
Postar um comentário