dialogo devaneante entre Anderson Gomes e Patrícia Santos
VEM PARA RUA!!!
“VEM, NADA NOS PRENDE, OMBRO NO
OMBRO ! ! !”
VEM PRA PRAÇA ! ! ! VEM VÊ ! ! !
Violar. Tirar o couro, assolar a
carne. Sob a sola do mando de sol a sol. Sob o jugo, o lombo e a vida torta; no molde,
conformar a bota que vos irá pisar. O patrão que padroniza e a ferro e fogo
satura uma vontade. o hábito de tornar-se invisível, logo, sem reflexo.
Encenar, criar uma situação,
encadear tempos, diluir fronteiras entre o riso e o olhar aberto (para dentro e
para fora), uma trombada catártica na catraca que se insinua entre vida e
sonho. O sonho é a matéria do corpo. O corpo, irmão do compasso que dá o tom à vivência.
algo no corpo anímico que encena desfila o
reconhecimento no palco da vida cotidiana:
- AQUELE SOU EU! , mas num outro
corpo.
- ESTA VIDA É A MINHA!, mas num
outro tempo...
Aí a fenda é aberta. . .
O riso é uma fenda. E por ele abismasse
uma volúpia que tem por preceito partir a vida num antes e num depois. O canto dos
atuantes chama e o fogo é o encontro entre a voz e a vez daqueles que,
transformados pelo campo trans-temporal da encenação, agora passam a vigorar no
corpo da história.
O encontro potencializa um
pertencimento.
Somente pertencendo é possível
mover-se no acontecimento, numa devolutiva de afetos, afetando e sendo afetado.
A CENA: O élan que dá o chão para um pé que tem
vocação de salto.
(Para o ar é imprescindível o
contraponto da terra, geradora do impulso).
Mais do que destronar o patrão,
inverter o padrão, a polícia ideológica que vige no interior do ser dito “socializado”,
que dirige o senso de normalidade e impede que se digira, que se mastigue o
pastiche com dentição sã, que se aparte isto daquilo, que se tenha a capacidade
de um salto no aberto, de inventar outra que não esta ideia de existência ou
sub-existência.
VEM PRA PRAÇA! ! ! VEM VÊ! ! !
“VEM COMUNGAR COM POETAS,
MALDITOS, INQUIETOS,
PIRADOS, ATORES, VIDENTES,
ARTISTAS, DESCONTENTES,
CRIANÇAS, LOUCOS DE CARA!!!”
“VEM, NADA NOS PRENDE, OMBRO NO
OMBRO! ! !”
fotos: Anderson Gomes