terça-feira, 25 de agosto de 2015

As ruas são para experimentar! parte II - "Das fragilidades"

Com o material poético-corporal gerado em "O Outro Sou Eu", a Cia foi selecionando e buscando recortes dentro destas muitas portas abertas nos estudos e construindo de maneira experimental metodologias e procedimentos artísticos para um corpo de sutilezas que surgiam nas improvisações.

"Como manter este corpo de pequenezas no espaço urbano tão cheio, lotado de estimulos, tudo sendo consumido na pressa?"

"Mas este espaço urbano, estas arquiteturas e memórias também não são poéticas que geram outros estados, outros corpos e movimentos corporais?"

Das novas perguntas, das antigas perguntas re-feitas, os novos olhares, vontades e pesquisas, em 2010 nascia “Das Fragilidades”, espetáculo de dança contemporânea inspirado na obra da fotógrafa Francesca Woodman, (1958-1981) e nas conexões estabelecidas com a arquitetura do espaço urbano, gerando por meio da linguagem da dança outras formas de ocupação artística dos espaços abertos. 



























"Das Fragilidades"
com Cristiane Santos, Cibele Mateus e Cris Abreu
fotos: Anderson Gomes e Patricia Santos




matéria no jornal ABCD Maior


Buscávamos também com esta obra a valorização da linguagem da dança contemporânea na cidade, pois sentíamos de maneira urgente (e continuamos sentindo) tanto dos passantes que olhavam aquilo com estranhamento e desinformação como dos artistas de dança, que a única referencia de dança que existia vinha das academias de balé, cujo público é restrito ao núcleo familiar e aos amigos das alunas, e que era urgente gerar acesso, visibilidade e espaços de formação, diálogo e debate para esta linguagem. 

Foi dentro das experiencias do "Das Fragilidades" que surgia então dois apontamentos que foram os gatilhos propulsores para o acontecimento do próximo sábado 29:



anotações do projeto "Das Fragilidades" maio de 2010:

"Fomentar e promover a linguagem da dança contemporânea na cidade, através de ações como: abertura do processo de pesquisa, mesa de discussão com artistas/pesquisadores da área da dança contemporânea, workshop de dança, realizar Jam de Dança para espaços abertos, (encontro para improvisação de dança contemporânea aberto ao público em geral e interessados no diálogo, criação e interação entre a dança e outras áreas artísticas)"



"Dançar com a cidade é diferente de Dançar na cidade. Dançar na cidade é somente transformá-la em cenário para sua ação. Dançar com a cidade implica estabelecer relações com esta. Dançar com suas pessoas, suas dinâmicas, seus afetos, sua arquitetura é pensar o espaço como um espaço vivo. Espaço sujeito a relações e perspectivas que o coloca em movimento, dançar o espaço, colocar-se numa perspectiva relacional retirando-o da fixidez e situando-o no momento presente da ação de quem faz e de quem aprecia.

Entre dois, uma terceira possibilidade se anuncia . . . criar  com o passante/ público uma outra poética para cidade."
Lefebvre


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