segunda-feira, 20 de julho de 2020

Carta 06

Foto: Barbara Morais

Na sorte da carta 06 eu, Patricia Santos, invoco as palavras-almas:

Eu invoco a força de Tuíra Kayapó!
Eu invoco a voz da jovem Ysani Kalapalo!
Eu invoco a beleza das crianças Assurini!
Eu invoco os caminhos de sabedoria de Davi Kopenawa.
Eu invoco a luta de Joenia Wapixana.
Nosso corpo grita guerra à construção de Kararaô (atual Belo Monte).

É na tentativa de fugir de representações que se ergue cada Ato de criação.

É na tentativa de fazer desabar a estabilidade das palavras de apagamento  Soja, Gado, Progresso, Civilização, Açúcar,  Terra do Governo, Obra de Benfeitoria Pública, Ordem, Madeireiras, bandeirantes, gente de bem que operamos a cri-Ação.

É preciso estarmos atentas para romper com cada dispositivo de escolarização e tematização d’Outro em Arte. O que nos move é um lugar de poÉTICA. 

É preciso tentar, tentar com todos os recursos disponíveis, tentar todos os caminhos, tentar ainda que seja fatal operar Arte, operar Palavras-Alma num país cujos governantes só operam apagamento e genocídio.

A sorte da carta 06 relembra:

“Em virtude de sermos palavras indestrutíveis
que em nenhum tempo, sem exceção, morrerão,
em virtude de sermos palavras,
nos será permitido cantar repetidas vezes
em diferentes formas,
Ó verdadeiro pai Ñamandu, Grande Mistério, o Primeiro"

(Kaká Werá Jecupé in Tupá Tenondé)

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