Andor.inhar.
Maleme, rua!
De tempos em tempos, se inundam afluentes de lama que emergem nas suas
coreografias cotidianas, uma ablepsia de um imaginário hegemônico, antigo, mas
não mais que o sopro, suspiro de Gaia.
Lama como lava, quebranças de represas, derrubando barragens, é
reivindicação, uma nota de aviso...
Salubá, Nanã! Nada pode conter o fenômeno natural, nada param os ciclos
dos acordos da vida.
Para os mais céticos, incorporações sequestrando meios de existências, e
por ganância, perdem-se possíveis "daqui a pouco", soterrados e
supulcros corpos. Poeiras nos olhos, tão recorrente quanto os carros que cortam
as suas veias. Lacrimejando marinadas íris, secura nas narinas. Somos tias e
tios da miséria mundial. Anos passam, as correntes são as mesmas, porém presas
nas bases que sustentam edifícios.
As ruas foram feitas para atravessar, conviver... As ruas foram feitas
para dançar!
Celebrar o que escondido fica, o que não pode ser visto pela falsa
neblina... É a chance de alargar uma brecha, uma fresta de luz para novas
esperanças. Celebrar o ciclo do corpo alinhado com a força de Jaci, que eleva
mares para transbordar, mesmo que esse seja invadido, nunca será domado, porque
é a fonte de vida e morte. São insurgências de constantes espíritos selvagens!
Kairós, a espera! Densa como um mangue, pois nem cadeiras sustentam a
canseira que se faz a espera, tempos rasgados e esgarçados.
Maleme, rua e todas as suas histórias, sinuosas histórias! Já fora tudo mato, agora de concreto. Sua polifonia, polirritmia que atravessa essa existência todos os dias.
Binho Signorelli
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