Carta Caminhão - Binho Signorelli
Nos primeiros passos, vestia se de sapatos vermelhos, estrelas e flores,
e deixava a cidade performar nos contornos do corpo, procurando um popular, um
devir de cosmogonias, conhecidas e desconhecidas.
Tantas bravuras, tantas engraçadas anedotas, a poética filosófica que
caiba dentro dessas existências, transmuta e se refaz a cada encontro que
celebra o feminino na sua potência em lugares pouco visitados. Desde estender
as roupas num dia intenso de apresentação nas caçamba do poçante do Manolo,
encontros com nomes que ajudaram a constituir o que viemos ser hoje,
agradecidas estamos as parcerias.
Esta narrativa ainda em construção viaja no banco da motorista,
dirigindo a procura das memórias não escritas em livros, mas que cabe nas bocas
da vizinhança. Percorreu tantos estados, cidades, bairros e favelas. Vozes que
ainda ecoam em nossas intersecções de linguagens.
Maria de nome e sobrenome, toma a mais um gole de vida, Maria entende do
embate, Maria busca a liberdade das oralituras, Maria é uma grande nave que
atravessa uma larga travessia de tantas histórias.
Aqui poucas
palavras para sintetizar as 15 primaveras, outonos, invernos e verões. 15 anos
de muita labuta e muita excursão. Uma volta nas raízes para celebrar o que de
mais brincante há, a passagem abertar tempos atrás, a rua como mais uma
integrante, sem ela seria outra coisa que não fossemos agora, é uma bela
trajetória, Cia As Marias, ontem, hoje e sempre.
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