terça-feira, 21 de julho de 2020

Carta An.dor


Foto: Produção 12º ABCDANÇA, 2017

O branco e seus precipícios,

No branco principiava um convite: o alivio de um chá.

Um chá, uma calMaria.

“inspiro-me no que é uma força e uma vulnerabilidade, diante da lembrança e do esquecimento” (Herberto Helder)

A mulher do véu, o Anônimo: Para onde a dança conduzia?

- As ruas são para dançar!, ela dizia.

- As ruas estão em pandemia!, ele dizia.

- E agora? ela se interrogava diante do torvelinho dos dias

- mais um chá para acompanhar as esperas.

Para onde a dança conduzia?

O branco, a Terra . . .

Estamos no meio e na atualidade dos caminhos: andor

- E agora?

Interrogativa e com a gravidade de quem segue um antigo ritual ela se deita na terra vermelha do desejo, encosta “a cara à terra profundíssima para escutar o seu úmido sussurro atravessando-a toda e passando por mim” (Herberto Helder)

 

Patricia Santos

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