A Encantada do Arraial
Binho Signorelli
Nascia enovelada de palha, chita e botões,
A Encantada do Arraial.
Só era vista nessa época,
E só por olhos de corações apaixonados.
Se houvesse um casal de dengo,
Lá estava a Encantada do Arraial a lançar seu charme.
A ganhura dos brincos de rosas grandes,
Veio de uma competição de rapazes,
Estes, arrebatados pelas paixões,
Esqueciam suas namoradeiras,
Foi aí que as delicadas orelhas ganharam suas rosas.
E corriam atrás de outro rabo de saia dançante,
Quando o pico da fogueira flamejava,
Era quando a moça boneca aparecia,
Não importava que não era de carne e osso,
Só importava ter uma chance de dançar com ela,
Acompanhados pelas faíscas voavam.
Mas o pobre coração da moçoila se chamegou,
Por um broto que ia em sua direção,
Toda serelepe ficou,
Se tivesse um coração, talvez tivesse palpitado,
Mas o moço vestido todo de azul passou por ela,
O único não rendido de suas graças arraialescas,
Dançava cangote com cangote com outra moça,
Dizem que aí, a Encantada do Arraial,
Perdeu a cabeça e se tornara a protetora da brincadeira.
Guardaram sua cabeça numa redoma,
Pra quando o sol girar mais uma vez,
E a fogueira, o baião voltar a entoar as noites de São João,
Lá estaria a cabeça no alto do pau de cebo,
Zeladora dos corações paixonantes.
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